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Melhores e mais promissoras novas IP’s e franquias da oitava geração.

No final de 2020 (talvez) teremos o inicio de uma nova geração de consoles. Xbox Series X e PlayStation 5 estão por enquanto programados para serem lançados nos últimos meses desse ano e no momento todos os olhos da indústria estão abertos para novidades destes consoles.

Apesar de esse ponto não significar exatamente um abandono da atual geração (e na verdade essa geração deve se manter mais relevante que outras na transição, por conta de retrocompatibilidade e outras iniciativas) esse é de certa forma um ano de despedida para PlayStation 4 e Xbox One.

Esse texto é parte de uma série que pretendo fazer durante o ano, relembrando e celebrando a oitava geração. A ideia é falar um pouco dos meus jogos favoritos dessa geração, geralmente de uma ótica positiva, destacando suas qualidades de diferentes formas. Eu realmente acredito que os últimos 7 anos foram alguns dos melhores da história e que os jogos estão melhores que nunca, num ponto onde temos constantemente uma grande quantidade de jogos muito bons. Espero que eu consiga passar um pouco do porque eu acredito nisso nestes textos.


Minha sensação é que, embora a cena independente ainda esteja sempre trazendo novas idéias para a mesa, o alto custo do mercado dos AAA tem cada vez mais gerado receio nas grandes publishers em investir em novas propriedades intelectuais. Quando comparamos com a 7ª geração, fica claro que os custos menores de desenvolvimento de dez ou mais anos atrás possibilitavam mais liberdade nesse aspecto, e hoje não só temos menos releases como é mais comum vermos remakes e reboots em franquias já consagradas. Mas mesmo assim, de 2013 até aqui surgiram novas propriedades incríveis, grandes e pequenas, no PS4 e no XB1

Ao fazer essa lista, minha ideia não era apenas pegar um jogo original e julga-lo pelo seu valor singular, mas também falar e analisar seu potencial como franquia. Por exemplo, eu amo The Last Guardian, Sunset Overdrive e Sekiro, e tecnicamente estas são novas IP. Mas essas ”franquias” sejam pela forma como foram construídas ou até por razões comerciais, não me parecem ter um futuro muito estendido, pelo menos de forma imediata. Até Bloodborne que é um dos meus jogos favoritos da geração, não se enquadrou muito na minha dinâmica porque no momento é difícil saber os planos de Sony e From Software pro futuro da propriedade.

Basicamente o objetivo é tentar achar paralelos e equivalentes a IP’s como Uncharted, Gears, Assassin’s Creed e Dark Souls, que trouxeram coisas novas para seus gêneros de diferentes formas na geração passada, e que fizeram a transição para a presente geração evoluindo e refinando suas características e se fortalecendo ainda mais como franquias, algo de extrema importância para esse mercado.

Então aqui estou listando e comentando jogos que não só achei ótimos já na sua primeira instância, mas que também ou já receberam sequências que mostraram o poder da propriedade ou estão claramente no rumo de promissores jogos futuros no PS5 e Xbox Series X.


Destiny

Destiny teve seu bocado de altos e baixos desde seu lançamento inicial em 2014. Mas é impossível negar seu enorme impacto, especialmente quando o termo ” Destiny-Like ” se tornou algo usado para descrever outros jogos.

Bungie trouxe alguns dos pilares de Halo como os mapas abertos mas melhorou ainda mais seu gameplay, adicionando agilidade nos movimentos dos personagens. Em termos de controle e movimento, Destiny é meu FPS favorito da geração, mais até que os super velozes Call of Duty, Titanfall e DOOM, e acho que a variedade de armas e as habilidades dos guardiões são a razão. Destiny tem um arsenal de armas com mais personalidade que a maioria dos jogos.

A forma como a Bungie distribuiu e tratou seu conteúdo, sejam novas missões de campanha, modos multiplayer, armas e equipamentos variaram muito no gosto da comunidade ao longo dos dois jogos e todas as suas expansões, mas pra mim é inegável que alguns dos meus momentos mais divertidos e engajantes com jogos nessa geração foram em Destiny. Aquela sensação de curiosidade que se instaurava na comunidade nas primeiras semanas de qualquer novidade era incrível. Principalmente nas Raids, atividades em grupo que usam as mecânicas do FPS para construir grandes puzzles cheios de exigências e minúcias e que testam muito bem a filosofia de cooperação em shooters.

Eu larguei de lado tem quase três anos mas espero que essa fase mais independente da franquia consiga me chamar de volta num eventual terceiro jogo. Destiny é uma propriedade que foi enorme desde o início, se manteve popular causando seus momentos de euforia e frustração na sua comunidade nos últimos cinco anos e meio e continuará impactando esse setor de games no futuro.


Horizon

O processo total de criação de Horizon Zero Dawn se estendeu ao longo de mais de seis anos, mas claramente valeu a pena, porque após seu lançamento em 2017, tornou-se a nova IP first-party mais vendida do PS4, movendo 7,6 milhões de unidades em apenas um ano.

A Guerrilla construiu um mundo misterioso e interessante de se explorar, deu uma história elaborada às origens desse mundo, se preocupando em criar contexto para cada minúcia, emplacou um dos sistemas de combate em terceira pessoa mais divertidos do gênero e conseguiu estabelecer Aloy como um novo ícone entre personagens do PlayStation. Ter um t-rex robótico já seria suficiente para muitos, mas eles produziram um jogo que é muito mais.

Mas enquanto eu amo o primeiro jogo, HZD teve problemas com o ritmo e conteúdo das suas side-quests, combate com inimigos humanos e quão no geral sem graça são as suas mecânicas de travessia. A expansão Frozen Wilds já deu uma melhorada boa em relação a qualidade das side-quests por exemplo, e esperançosamente, uma sequência no PS5 vai explorar ainda mais o potencial dessa propriedade.

Eu quero muito que a Guerrilla implemente melhores e mais interessantes sistemas de movimentação na sequência de Horizon. Eu ficaria bem contente se já puxassem algumas mecânicas de Breath of the Wild como o paraglider e usar algum objeto para deslizar colinas abaixo. Claro que isso teria que ser acompanhado de um game design que desse a possibilidade de se expressar mais criatividade nas decisões de como atravessar o mundo também.

John Gonzales, diretor narrativo do estúdio, e sua equipe de roteiristas tem um baita desafio na sequência, que é criar um arco tão interessante e bem estruturado na sequência, mas Aloy é uma personagem tão carismática que muitos vão embarcar incentivados simplesmente pela sua presença.


Ori

Ori é facilmente um dos maiores casos de sucesso para a Xbox Games Studios desta geração. Com dois jogos incríveis criados pelos devs remotos da Moon Studios, a Microsoft publicou um par dos melhores metroidvanias de todos os tempos e dois dos jogos mais lindos dos últimos anos também.

Com um foco grande em movimentação fluída e rápida e gameplay de plataforma, Ori and The Blind Forest já era um dos jogos mais satisfatórios de se jogar da geração, mas eu tinha um grande problema com quão raso era o combate que foi desenvolvido pra ele.

Isso foi devidamente acertado na sequência, num combate que se encaixa muito bem no resto do gameplay, onde mantém a mesma energia e fluidez das rápidas e reflexivas mecânicas de travessia. A inclusão de multiplas batalhas de chefe também funcionaram muito bem.

E por mais que os pilares da história sejam praticamente idênticos entre os dois jogos, a decisão de dar um foco maior para estabelecer personagens de suporte narrativos com mais profundidade e personalidade foi muito boa. São dois jogos bastante similares, mas Will of the Wisps tem ajustes e adições que fazem que ele seja um jogo bem superior pra mim.

Vendo como a franquia já é tão forte e como eles têm ainda mais espaço para tornar futuras experiências, metroidvanias ainda mais profundos, acredito que a Ori é uma propriedade do Xbox que permanecerá na próxima geração. Listagens indicam que o próximo projeto da Moon pode ser algo diferente porém, um RPG de ação, mas espero que Ori seja algo que eles também continuem trabalhando no futuro.


Titanfall

Titanfall foi um daqueles jogos do ciclo de revelação da atual geração que causou mais barulho. Era um exclusivo third-party de um estúdio que tinha pessoas-chave responsáveis ​​pela criação e boom de Call of Duty e apresentou gameplay acelerado em primeira pessoa e robôs gigantes no campo de batalha. Visto todas essas características, tava fácil previr o sucesso de Titanfall, mas embora o primeiro jogo tenha sido enorme em termos de vendas e base de jogadores, foi muito criticado devido à forma como tratava o single player em sua estrutura.

A sequência lançada em 2016 chegou para resolver esses problemas, e fez isso confortavelmente. Titanfall 2 tem o que é uma das minha campanhas de FPS favoritas desta geração, que combina o tradicional combate acelerado conhecido do estúdio com cenários incríveis e missões de design brilhante.

Era fácil esperar que Call of Duty fosse influenciar essa campanha, com seus momentos tensos e bombásticos mas ver que tem traços de outros jogos como Half-Life por exemplo, criando mecânicas diferentes para capítulos específicos e trazendo contexto narrativo nos seus ambientes via gameplay. Em uma geração com tantos companheiros estelares, o seu Titan BT7274 também é um dos mais memoráveis.

Infelizmente, Titanfall 2 foi encurralado não apenas por Call of Duty, mas também por Battlefield, um produto da sua própria publisher, na sua semana de lançamento, vendendo bem abaixo do esperado no período de lançamento. Apesar do futuro da série principal estar meio turvo hoje, a Respawn teve dois grandes sucessos recentemente. Star Wars Jedi Fallen Order, que vendeu mais de 8 milhões de cópias em dois meses, superando as expectativas da EA, e o spin-off do próprio universo Titanfall, Apex Legends, um Battle Royale gratuito que conseguiu alcançar 50 milhões de jogadores em apenas um mês de lançamento.

Espero que os sucessos recentes façam com que EA e Respawn publiquem Titanfall 3 em algum momento na próxima geração, com uma campanha tão memorável e experimental quanto a do segundo jogo. Se não, Apex Legends continuará carregando a franquia no futuro.


Life is Strange

Dontnod conquistou lentamente os olhos de muitos em 2015. O primeiro episódio de Life is Strange foi lançado em Janeiro daquele ano com pouca atenção, mas com entusiasmo geral daqueles que o jogaram. Quando o sódio chegou em outubro de 2015, ele já era visto como um dos melhores jogos daquele ano e, após ter sua edição completa lançada, o jogo vendeu melhor do que publicadora e desenvolvedora esperavam.

Desde então, a franquia produziu outros dois jogos, uma prequel desenvolvido pelos norte-americanos da Deck Nine e um novo jogo que segue uma história e personagens completamente diferentes, desenvolvidos pela própria Dontnod. Ambos foram surpreendentemente ótimos jogos, e embora a sequência tenha sido realmente prejudicada comercialmente por um cronograma de lançamentos muito longo e espaçado, provou como os pilares dessa propriedade intelectual funcionam muito bem, mesmo com um novo elenco ou até com um desenvolvedor diferente.

Estes jogos não tem a profundidade mecânica de outros adventures modernos como um Detroit por exemplo, mas são infinitamente melhor escritos, de um ponto onde conseguem ser mais impactantes construindo paralelos mais genuínos com nossas vidas reais. São jogos que dão atenção a detalhes de uma forma mais intimista do que exatamente como mecânicas de gameplay.

Mesmo se não pelas mãos da Dontnod, que já está trabalhando em outras propriedades no mesmo estilo com outras publishers como Xbox Game Studios e Bandai Namco, espero que a Square-Enix continue explorando histórias tão importantes e impactantes como foram nos três primeiros jogos com essa propriedade.


Control

Esta foi segundo nova IP da Remedy nesta geração, mas diferentemente de Quantum Break (que também acho um bom jogo), Control parece ter um futuro bem promissor.

Control é um propriedade da própria Remedy, e ela fez questão de mostrar quanta liberdade tinha para dar rumo ao projeto da forma que bem entendesse, tornando esse jogo algo estranho e único. E deu muito certo

Já falei um bocado dele por aqui, mas basicamente eu penso que esse é o melhor jogo já feito pelo estúdio, onde ela buscou pegar o que de melhor tinha em cada um de seus títulos anteriores dos últimos 25 anos.

Construído num ambiente não linear, com uma grande doses de segredos, a Casa Mais Antiga foi um ótimo lugar para começar a construir o universo do ”Federal Beureau of Control”. Neste primeiro jogo, e nas suas expansões, só exploramos a sede do FBC, mas nele estão espalhados documentos que relatam várias operações de campo da instituição (incluindo uma famosa por outra propriedade da Remedy).

Acho que o futuro pode tanto ter sequências onde jogamos dentro da Casa Mais Antiga, já que como ele é um prédio interdimensional e mutável, não esta limitado em relação ao tipo de ambientes que podem criar lá dentro, mas também instâncias onde vamos a locais externos onde eventos sobrenaturais aconteceram.

Dessa lista, essa talvez seja a potencial franquia com maiores dúvidas de futuro, porque Control não foi um sucesso estrondante. Mas tanto Remedy quanto 505 se disseram satisfeitos com a performance do jogo, e frisaram que esse foi um projeto feito com um orçamento bem abaixo de jogos do mesmo gênero. Recentemente o estúdio Finlandês assinou um acordo de financiamento com a EPIC Games para a publicação de seu próximo jogo, que eles prometem ser o mais ambicioso da história do estúdio, e uma sequência de Control, fazendo até um crossover com outro jogo da Remedy unindo de vez esses universos, seria algo bem ambicioso.

Control não foi só um ponto de partida para uma nova série de jogos, mas é também o representante da nova fase mais independente e eficiente da Remedy como desenvolvedora de videogame.


Watch Dogs

Essa foi talvez a primeira grande propriedade a causar comoção no publico mesmo antes de vermos PS4 e XB1 em ação. Em 2012 a Ubisoft demonstrou um vídeo na E3 que deixou o publico bastante empolgado com o promissor futuro da oitava geração. Uma pena que nos dois anos subsequentes até seu lançanto, o discurso em cima de Watch Dogs foi mais sobre downgrades visuais do que qualquer outra coisa.

Mesmo assim ele foi um sucesso comercial, com a Ubisoft despachando mais de 10 milhões de cópias nos primeiros seis meses de lançamento. Dois anos depois, Watch Dogs 2 seria lançado, agora se passando na cidade de San Francisco e é pra mim um jogo bem superior que o primeiro.

Primeiro que o tom do jogo foi algo bem menos sério e seguiu uma linha sarcástica, algo que a série GTA faz muito bem, especialmente no GTAV. Segundo que os elementos de hackeamento da série ficaram ainda mais diversos e profundos visando criar uma linha de design mais dinâmica. Missões são no geral menos lineares e dão pro jogador múltiplas opções de como atingir seus objetivos. É divertidíssimo manipular os sistemas do jogo e ver como suas decisões impactam a simulação ali criada.

Na última geração tivemos Saints Row como uma franquia que trouxe uma nova visão pro modelo de design de GTA e dessa vez Watch Dogs foi quem melhor se sucedeu baseando-se nesse modelo para arriscar coisas novas.

O terceiro jogo da série, Watch Dogs: Legion deve chegar ainda esse ano tanto para a atual geração quanto também para o período de lançamento de PS5 e Xbox Series X, e ele ta prometendo ser ainda mais sistêmico e dinâmico. Dirigido por Clint Hocking, de Far Cry 2, jogo que lá em 2008 já tinha essa mentalidade de sistemas criados para dar liberdade ao jogador, Legion vai focar em criar um ecossistema mais profundamente simulado, possibilitando de jogarmos com qualquer personagem do mundo.

Espero que refinem também as mecânicas tanto para quem prefere jogar de forma mais silenciosa quando usando mais da ação, já que são duas vertentes presentes no jogo mas nenhuma das duas é satisfatória o bastante em termos de usabilidade das mecânicas mesmo.


Lembrando que estas são as minhas escolhas pessoais de novas franquias que virei fã e que anseio por futuros títulos. Existe uma par de novas IP’s celebradas dessa geração que não foram mencionadas aqui por mim por ou não serem muito meu estilo (tipo Overwatch ou Cuphead por exemplo) ou por eu não ter jogado muito mesmo (caso de Sea of Thieves ou The Evil Within). Por isso quero saber, tanto nos comentários ou no twitter, quais são as suas novas franquias favoritas da oitava geração?