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REVIEW: Baba Is You (PC, Switch)

Baba is You
Data de lançamento: 13 de Março de 2019
Desenvolvedora: Hempuli Oy
Publisher: Hempuli Oy
Plataformas: PC, Switch
Preço Base: U$14.99

Eu tenho um apreço muito grande por jogos sistêmicos. Projetos que procuram criar várias diferentes regras e sistemas para agirem em conjunto nos seus mundos, e assim deixar o jogador livre para experimentar com o gameplay. Jogos como Breath of the Wild, Prey, Dishonored, Hitman e a série Far Cry são ótimos exemplos de jogos com grandes orçamentos que tem como filosofia de design esse aspecto sistêmico. Mas não são só títulos AAA com uma grande quantidade de sistemas compostos entram nesse rótulo. Na década passada, Portal e Braid foram dois exemplos de jogos desenvolvidos por times pequenos, que no gênero de puzzle, usam de uma mecânica central para o seu gameplay, mas que com a adição de algumas regras possibilitam que o jogador experimente com essa mecânica de várias formas diferentes para encontrar a solução para problemas específicos. E é assim que enxergo Baba Is You

Desenvolvido primordialmente apenas pelo Finlandês Arvi Teikari, Baba is You é um jogo de puzzle onde as regras que o jogador tem que seguir são representadas por blocos na própria fase. Blocos estes que são interativos, então ao se combinar esses blocos de formas diferentes, se mudam também as regras que estão ativas na fase. Com isso você pode se transformar em algum outro objeto no cenário, ou mudar a natureza de algo que significaria sua derrota para que isso seja na verdade o que te faz vencer na fase. Talvez um pouco difícil de explicar, mas esses gifs nos fazem entender na hora:

Basicamente ele pega um pouco do estilo do clássico dos anos 80, Sokoban, e introduz esse sistema transmorfo de regras. É um jogo de visual bastante simples e com uma regra universal também simples, mas que tem possibilidades bastante profundas dependendo do game design. E esse é o aspecto que realmente dita a qualidade do jogo. Não bastaria ter essa mecânica muito interessante se as fases não tivessem puzzles e situações igualmente interessantes em que essas regras pudessem ser exploradas, e nisso Arvi também acertou bastante. Existe uma grande variedade de regras e também de aplicações que as interações dessas regras proporcionam, e vemos presente também uma curva de complexidade bem implementada quando diferentes fases se baseiam na manipulação de regras e situações similares.

Bons jogos de puzzle tem aquele poder de te passar diferentes emoções em curtos espaços de tempo. De um segundo para o outro aquela frustração pessoal que sentimos ao ficarmos emperrados em uma fase se transforma em uma sensação de brilhantismo e recompensa por finalmente solucionarmos um problema que julgamos inteligente e desafiador, seguido então por registrarmos o apreço pela geniosidade do trabalho criativo posto em cima daquele desafio.

Não existe nenhuma história a ser contada aqui de forma explícita ou subjetiva, (a menos que eu realmente não tenha conseguido assimilar o design das fases para transformá-los em elementos narrativos) o foco é todo em cima gameplay, de usar destas regras, objetos e personagens como veículos para soluções criativas destes puzzles.

O jogo é dividido em diferentes mundos, contando geralmente com ao menos uma dúzia de fases em cada um desses mundos, e mesmo com a grande quantidade de fases ele se mantém fresco e nunca injusto no design de seus puzzles. Ao passo que vamos resolvendo um certo número de fases dentro dos mundos, novas áreas com novas fases (e novas regras e objetos) se abrem. Existe uma quantidade imensa de conteúdo, mesmo tendo jogado diversas horas durante as últimas semanas ainda não terminei de resolver todos os puzzles oferecidos.

Um fator que vejo como muito importante pra esse tipo de jogo são ajustes para qualidade de vida do jogador ao experienciar o título. Existe um botão de ”desfazer” que é basicamente um CTRL+Z que vai desfazendo todos os seus movimentos desde que a fase começou. Existe também claro a opção de resetar a fase como um todo, e acontece de forma bem rápida. Algo que também vejo como muito benéfico é que dificilmente você só vai ter uma fase para resolver. Ao solucionarmos uma ou duas fases dentro de um dos mundos, duas ou até três fases novas se abrem ao mesmo tempo, e assim se estivermos batendo a cabeça com um puzzle (e confie em mim, isso vai acontecer), podemos ir tentar resolver outro. Sem contar que além disso em alguns momentos múltiplos mundos são destravados ao mesmo tempo e que fases extras (que geralmente são ”remixes” de fases que já resolvemos com novos modificadores) também existem dentro desses mundos. Você geralmente vai ter múltiplas opções de fases diferentes para tentar resolver, e isso diminui a sensação de frustração que esse tipo de jogo pode gerar.

VEREDITO

Do momento que eu vi Baba Is You pela primeira vez eu já sabia que era um tipo de jogo que me agradaria muito. Após jogá-lô por várias horas e tendo passado por quase uma centena de fases me vi muito viciado no seu loop de gameplay e impressionado com a qualidade do game design posto dentro do jogo. Baba is You é, um dos jogos mais criativos dos últimos anos, uma coletânea de quebra-cabeças sistêmicos com um game design inteligente e desafiador

NOTA: 9/10