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REVIEW: RIME (PC, PS4, XB1, NSW)

Data de lançamento: 26 de Maio de 2017 (PC, PS4, XB1)
Desenvolvedora: Tequila Works
Publisher: Six Foot/Grey Box
Plataformas: PC, PS4, XB1 e futuramente Nintendo Switch
Preço: U$29,99

Foi um processo de quatro anos pra tirar RIME do papel e conseguir financiar, desenvolver e entregar o projeto da forma desejada. Recusado pela Microsoft, o projeto foi apresentado pra Sony que via seu estúdio XDev Europe assinou o jogo pra ser um projeto publicado por eles. Anunciado na Gamescom 2013 gerou boas impressões e comparações com outros jogos da publisher como ICO e The Last Guardian por conta de sua identidade visual e a natureza do gameplay. Porém fora um novo trailer em 2014 foram quase dois anos de silêncio, que foi quebrado pela informação de que a Sony havia aberto mão da propriedade e a desenvolvedora, Tequila Works tinha re-adquirido os direitos de RiME. Desconfiança pairou sobre o projeto e até rumores de que nem existia um jogo de fato apareceram na internet.

Após esses quatro anos conturbados e envoltos de dúvidas sobre o projeto, Raúl Rubio, CEO da Tequila e diretor de RiME, e todo o estúdio respondem às críticas e rumores da forma certa.

Em RiME controlamos Enu, uma criança que aparentemente se encontra presa numa ilha após um naufrágio. Sem muito contexto passamos a explorar essa ilha e aprender as regras desse mundo. Estruturalmente o jogo é um Puzzle Adventure e em termos de narrativa não existe nenhum tipo de diálogo ou texto. A história é contada de forma subjetiva por meio dos acontecimentos e dos aspectos audiovisuais. Existe uma figura encapuzada misteriosa que te observa na ilha, e ir atrás desse personagem é o principal fator que te instiga a progredir pela ilha no começo.

RiME não tem também nenhum tipo de combate, o gameplay é composto por mecânicas de puzzles e de plataforma. Enu pode carregar e mover objetos e interagir com alguns outros através de sua voz. Outras atividades que perpetuam pelas seis a sete horas da campanha são correr, nadar, pular e escalar diferentes estruturas.

Visualmente o jogo é extremamente atraente. Baseada na Espanha, Tequila Works usou influências de arquitetura do Mediterrâneo para construir a belíssima identidade visual do jogo. O jogo conta com um sistema de ciclo diário então é possível apreciar esse cenário tanto com vistas de Sol radiante, sobe um hipnotizante céu de estrelas ou durante nascer e por do Sol.

Apesar de ter dois ambientes bem amplos, RiME não é um titulo de mundo aberto e conta com quatro diferentes áreas principais, todas com visuais bem diferentes apesar de seguirem um mesmo tema. Contando com uma boa quantidade de colecionáveis e segredos, exploração é incentivada durante todo o playthrough.

Os puzzles são o principal elemento de gameplay do jogo e a maioria envolve interagir com elementos do cenário pra dar continuação a progressão. RiME tem até uma boa variedade de quebra cabeças com conceitos interessantes, porém o jogo quase nunca se aprofunda muito nessas mecânicas, mantendo as resoluções desses puzzles bem simples e diretas. Esse é talvez o ponto mais baixo da aventura uma vez que pela narrativa a ideia é passar a sensação de estar superando vários desafios pra chegar no seu objetivo e revelar a razão de todos esses acontecimentos, porém os puzzles não passam tanto essa ideia.

Não é que eles sejam ruins, como disse são conceitos interessantes e variados porém como não são explorados de forma mais profunda, acabam ficando a um nível abaixo de outros aspectos no jogo que passam melhor esse espírito de seguir seu caminho a qualquer custo.

A história de RiME é algo totalmente intrigante e cativante e provavelmente a parte de maior destaque do título. Tudo é contado via set pieces, design do mundo e comportamento tanto de Enu quanto de alguns NPC’s que aparecem durante a aventura. Sem usar uma palavra, uma história emotiva e impactante é contada aqui.

É louvável que apesar da grande revelação vir realmente só no fim, o jogo consegue te manter interessado e reflexivo sobre os acontecimentos o tempo inteiro. Ajuda também que novos elementos são introduzidos recorrentemente, evitando uma sensação de fadiga entre os diferentes capítulos de RiME

A forma como a Tequila Works resolveu contar essa história é algo fascinante quando visto em retrospectiva ao se chegar ao final do jogo, e recomendo entrar nessa aventura com o minimo de conhecimento possível.

Adornando todos os outros aspectos positivos do jogo, vem a trilha sonora espetacular de RiME. Incrível como ela encaixa tão bem nesse mundo se fazendo parte essencial da jornada. Em todos os campos artísticos RiME é um trabalho primoroso, aliando visual e som de forma ímpar.

Em relação a performance, o jogo apresentou em alguns momentos uma queda de quadros até bem notável em momentos mais exigentes do hardware no PlayStation 4 (e até onde sei também acontece no Xbox One, porém não tenho informação de performance no PC) mas não é algo tão recorrente que me desprendeu da imersão ou afetou minha percepção do jogo.

VEREDITO

RiME não só bebe da fonte de títulos como ICO, Journey, Brothers e Unfinished Swan como se junta a eles como produtos que justificam a defesa de que videogames são além de produtos de entretenimento, peças de valor artístico importantíssimo. Sua falta de aprofundamento nos puzzles é um ponto baixo, mas que não tira o mérito de como a Tequilla Works construiu com louvor uma bela aventura, relaxante em momentos de exploração, e intrigante e apreensiva nos momentos mais dramáticos. RiME é uma jornada marcante e cativante do começo ao fim.

NOTA: 8.5/10


O review foi baseado em uma cópia de PlayStation 4 fornecida pela Grey Box