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O que esperar de Nintendo, PlayStation e Xbox em 2021


2020 foi um ano adverso na grande maioria dos aspectos, mas que proporcionou ao mercado de videogames um crescimento inesperado. Muitas foram as dificuldades de se planejar, produzir e lançar jogos, consoles e eventos relacionados a ambos, mas o público respondeu abraçando a mídia de uma maneira muito forte.

Microsoft e Sony por meio de suas divisões Xbox e PlayStation conseguiram lançar consoles de nova geração com bastante sucesso, batendo recordes pessoais (e até gerais no caso do PlayStation 5) e tendo vendas iniciais limitadas não por demanda, mas sim por falta de estoque. É verdade que as mecânicas de venda tem sido controversas, e a falta de consoles agravada pelas ações de grupos usando de bots para comprar e revender consoles por preços inflados. Mas aos poucos vemos estoques aparecerem com mais frequência, e a expectativa é que 2021 seja um ano de melhor acesso a esses consoles já que ambas as empresas já vem encerrando suas linhas de montagem dos consoles antigos para focarem totalmente em PS5 e Xbox Series.

Acho que a minha maior dúvida para esse ano é em relação a comunicação. 2020 foi o primeiro ano sem E3 desde 1996, um ano onde ocorreu muita experimentação na forma de todas as empresas demonstrarem seus jogos e planejar campanhas de marketing em volta deles.

PlayStation usou tanto do seu State of Play como de apresentações mais robustas e semelhantes a antigos showcases, Xbox também fez algo parecido entre Inside Xbox e apresentações maiores, enquanto a Nintendo foi quem mais desviou dos seus formatos usuais, já que não vimos nenhuma Direct tradicional em 2020, nem no mês de Junho, e houveram apenas variações dos programas direcionados a IP’s específicas, ou jogos de parceiros third-party. Os anúncios de jogos do ano como Paper Mario: Origami King e Hyrule Warriors: Age of Calamity foram feitos de forma individual e isolada.

Enquanto Sony e Microsoft devem continuar com esses formatos que deram muito certo, eu imagino que a Nintendo tenha sim planos de voltar com suas Directs tradicionais

Fonte: Divulgação; SIE

A Sony Interactive Entertainment anunciou 10 jogos first-party em 2020, com 4 deles sendo lançados junto ao console. Os outros seis estão no momento planejados para 2021, mas não ficaria nada surpreso se pelo menos um deles fosse adiado para 2022. A sequência de God of War (que ainda não recebeu um subtítulo oficial) me parece um candidato forte. Confesso que seu anúncio foi inclusive algo desnecessário ao meu ver.

Claro que foi um anúncio feito para aumentar a hype em cima do novo videogame, mas já víamos interesse de sobra por parte do público no PS5 naquela altura do campeonato. Esse é um projeto que obviamente viria em algum momento e que foi anunciado com praticamente nenhuma informação. O único choque naquele teaser foi o ‘’2021’’, que pode ser nem verdade no fim das contas. 

Destruction All-Stars virá em Fevereiro, como um dos jogos oferecidos no serviço da PlayStation Plus, Returnal foi recentemente datado para 19 de Março e Ratchet & Clank Rift Apart deve também ser um jogo da primeira metade do ano se levarmos em conta as indicações de materiais de marketing e da própria Insomniac. Gran Turismo 7 e Horizon Forbidden West ficariam então para a segunda metade do ano.

Já seria um lineup bastante forte em termos de first-party, e até por isso não vejo nem a necessidade de se apressar com a sequência de God of War. Ela deve ser uma protagonista apenas em novos showcases da Sony, visto que gameplay do projeto é algo bastante aguardado pelos fãs. Imagino que ela terá alguma transmissão no primeiro trimestre, talvez um State of Play geral ou até dedicado para jogos como Returnal e Ratchet, e um showcase tradicional em Junho.

Horizon Forbidden West. Fonte: Divulgação, SIE

Showcase que pode inclusive não contar com um número tão robusto de anúncios first-party. Diferentemente de outros tempos, a Sony focou muito no seu lineup para 2020 e 2021, me levando a crer que agora o foco será o ano corrente, e algumas coisas de 2022.

Mesmo com sua aparente reestruturação, é de se esperar que o Japan Studio tenha mais projetos em desenvolvimento além de Astro’s Playroom e podemos ver algo. É esperado também que a Naughty Dog anuncie o jogo multiplayer que foi desgarrado de The Last of Us Part II e que mais colaborações com estúdios externos possam ser anunciados, mas não vejo muito mais que isso sendo mostrado durante o ano. O restante dos times internos do PlayStation Studios que não tem jogos anunciados, devem se manter em segredo durante o ano.

Acho que esse ano temos a chance de ver é mais alguma aquisição por parte da SIE. Essa é uma realidade que se faz cada vez mais comum, com conteúdo sendo o grande trunfo de publishers e plataformas. Por mais que Jim Ryan já tenha falado que o foco é em crescimento orgânico, algo que de fato eles tem feito, a cada dia cresce o número de empresas buscando criadores independentes, o que vem diminuindo o número de estúdios disponíveis não só para aquisições, mas para parcerias também.

Pra mim a candidata mais óbvia é a Bluepoint, que já trabalha com eles tem mais de uma década e recentemente despachou Demon ‘s Souls, colaborando mais uma vez com o núcleo de desenvolvimento externo da Japan Studio. Inclusive adoraria ver que o próximo projeto do estúdio fosse algo original e não o remake de mais um clássico, mas isso é especulação pra daqui a alguns anos no futuro.

O PS5 deve ter um ano bem forte em termos de unidades despachadas, porém acredito que o Switch ainda vai liderar o mercado nesse ano calendário, com o console da Sony tomando a frente apenas em 2022. Mas eu acho que existe outro desafio para a Sony no ano em relação a vendas, no caso, dos seus jogos.

A geração do PS4 foi uma grande virada para ela como publisher, tendo uma gama maior de sucessos comerciais, com alguns chegando a volumes que ela nunca atingiu no passado. Com a virada de consoles, esses jogos passam a custar U$70 e até 80 Euros em alguns mercados Europeus. Será que ela vai conseguir emplacar novas IP’s com a facilidade que teve na última geração? Acredito que jogos como Returnal podem sofrer dessa etiqueta recentemente inflada, então fico curioso para saber se ela pretende reavaliar sua precificação para abranger ainda mais diferentes preços baseado no caso específico de cada projeto.

Ah, e não veremos nada de VR e duvido que ocorram mudanças drásticas nos serviços como PS+ ou PS Now em 2021.

Fonte: Divulgação; Xbox

Xbox Game Studios também anunciou uma boa quantidade de jogos em 2020 (seis se não me engano), isso porque ela já tinha anunciado um bom número também em 2019. Ao contrário do que preferia fazer, a divisão Xbox tem anunciado vários projetos que ainda estão na infância de produção, algo que a própria PlayStation teve costume de fazer durante a geração do PS4. 

Em termos de lançamentos do ano, Psychonauts 2 parece ser o maior candidato para a primeira metade, enquanto Halo Infinite parece ter virado o grande software do final do ano, e seu lançamento poderá inclusive coincidir com o aniversário de 20 anos do primeiro Halo e do Xbox original em Novembro. Ainda para esse ano a expectativa é de termos a versão 1.0 de Grounded e possivelmente As Dusk Falls, jogo dos estreantes da Interior/Night, comandados pela ex-Quantic Dreams, Caroline Marchal. Acho difícil qualquer um dos outros projetos já anunciados saírem em 2021.

Em termos de novos anúncios, no momento parece existir um resgate de IP’s clássicas de propriedade da Microsoft. Tivemos Flight Simulator e Battletoads em 2020, e estão anunciados novos jogos de Fable, Age of Empires e agora Perfect Dark. Eu sei que eu vivo mencionando isso, mas não é possível que Matt Booty e a galera da Xbox Games Publishing não tenham achado um estúdio independente para desenvolver um novo Banjo-Kazooie. Seria um grande anúncio.

Forza Horizon 5 pode ser uma ótima surpresa durante o ano também. Enquanto a Turn10 continuará trabalhando na reconstrução da série Motorsport, a PlayGround está no auge de qualidade e popularidade com a série Horizon. Tem rumores que ele pode até ser lançado em 2021, o que me deixaria bem feliz, e to torcendo para dessa vez o jogo se passar no Japão como muitos fãs anseiam.

Como não tem tido tanta restrição em anunciar novos títulos da Xbox Game Studios, qualquer um dos times internos podem aparecer durante o ano com novos projetos, mas minha intuição diz que esse ano será um pouco mais calmo nesse aspecto.

Compulsion segue recrutando e crescendo como estúdio (vão inclusive mudar para um local completamente novo em 2021) , The Coalition acabou de lançar o excelente DLC de história ‘’Hivebusters’’ em Gears 5 e deve demorar mais que o costume para lançar um novo jogo, inXile agora que publicou Wasteland 3 poderá focar integralmente seus esforços em jogos a serem publicados pela Xbox. O resto já tem projetos anunciados

Psychonauts 2. Fonte: Divulgação, Xbox

Mas a grande atração em 2021 em relação a Xbox deve ser a finalização do acordo de compra da Zenimax. A maior dúvida é como vai ser a integração da Bethesda Softworks e todos seus estúdios à Microsoft. Jogos serão exclusivos do ecossistema Xbox? Serão publicados pela Xbox Game Studios ou continuarão sendo publicados por conta própria? veremos todos os futuros anúncios Bethesda ligados a eventos da Xbox?

Hoje, os dois projetos da publisher de Maryland anunciados para 2021 são Deathloop e Ghostwire Tokyo, mas estes são exclusivos temporários do PlayStation 5. Um jogo potencial é Starfield, nova IP que promete ser a terceira vertente de RPG’s de Todd Howards junto com Fallout e Elder Scrolls.

Bethesda Game Studios não é estranha da ideia de revelar um jogo de forma mais substancial apenas no seu ano de lançamento, e sendo exclusivo ou até multiplataforma mas lançando diretamente no Xbox Game Pass, seria uma baita adição ao line up de lançamentos do ano.

Diferente de alguns, eu não ficaria tão chocado de o jogo ser exclusivo, mesmo que temporário. O ano deve ser marcado por essa integração e várias noticias envolvendo dúvidas do tipo, e aos poucos vamos entendendo de forma mais clara o que isso significa para ambos.

No campo do hardware, acredito que teremos um ano saudável e que ainda vai favorecer carregamentos do Series X, enquanto o Series S cresce sua participação nas vendas aos poucos. O Game Pass vai continuar sendo o melhor serviço de assinatura do mercado e será um grande ano-teste para abrangência e funcionalidade do xCloud no mundo inteiro.

Sequel to The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Fonte: Divulgação, Nintendo

A Nintendo foi claramente quem mais teve dificuldades em se adaptar às obstruções causadas pelo COVID-19 em termos de desenvolvimento e comunicação, algo que porém não prejudicou o seu ano de forma igualmente drástica em termos comerciais. 

Muito se falou nos bastidores durante o ano que ela tinha grandes planos para comemorar os 35 da franquia Super Mario, mas as dificuldades logisticas teriam atrapalhado os planos. Eu até achava que veríamos a sequência de Mario Odyssey anunciada em 2020 para coincidir com o aniversário, mas quem sabe ficou pra esse ano.

E tiveram também escolhas da própria Nintendo em como tratar alguns desses projetos (como a escassez digital de alguns jogos) que deixaram um gosto levemente amargo na boca dos fãs, que ainda sim compraram em peso Super Mario 3D All-Stars. 2021 pode ser uma segunda chance de ela fazer festas maiores porém.

The Legend of Zelda e Metroid completam 35 anos, enquanto Pokémon completa 25. Existem ainda outros aniversários de franquias como Donkey-Kong, Kid Icarus e Golden Sun, mas o foco deve ser nas outras três.

A sequência de Breath of The Wild, anunciada em 2019, não dá as caras desde então. Seria um lançamento perfeito para o ano, mas não deve ser a única novidade temática de Zelda em 2021. Alguma coletânea, colaborações em outros jogos e projetos menores devem rolar durante o ano também.

O timing não será igualmente favorável em relação a Metroid Prime 4, que não será lançado em 2021. A esperança mais tangível fica em cima do relançamento de clássicos, como a própria trilogia Prime e um sonho mais distante um novo jogo em 2D da franquia. O último foi o remake de Metroid II feito pelos espanhóis da MercurySteam, e nesse caso a esperança é que a Nintendo tenha gostado o bastante do projeto a ponto de encomendar um jogo totalmente novo do mesmo estúdio.

Em relação a Pokémon já temos New Pokémon Snap anunciado, e a expectativa de muitos é que esse seja um ano de algum remake. Se por um lado se acredita que é a hora da quarta geração com Diamond & Pearl, eu acho tão plausível quanto vermos a segunda edição de Pokémon Let’s Go, dessa vez baseado nos clássicos Silver e Gold. Mais projetos e colaborações em volta da IP com certeza vão rolar também.

Mas não só jogos vão preencher o ano da Nintendo. Tem vários anos que especulações sobre um ‘’Switch Pro’’ e finalmente essa revisão deve ser lançado em 2021. Qual será a mudança é dúvida. Vai conseguir entregar 4K (nem que seja algum tipo de checkerboarding), vai acompanhar a transição que as publishers third-party devem fazer nos próximos anos suportando apenas PS5 e Xbox Series, e assim, criar uma divisão entre jogos que rodem apenas nessa nova versão?

Até o momento, os dois modelos de Nintendo Switch introduzidos no mercado foram muito bem sucedidos, creditados principalmente a sua proposta diferenciada, a força do catálogo first-party da Nintendo, e a rápida adoção dos indies à plataforma. Nada disso me parece receber um boost muito grande com a chegada de um Switch ‘’mais parrudo’’.

Por isso, aliado a um possível preço de entrada mais elevado, visto que o console base lançado em 2017 ainda tem o MSRP de U$299, não acho que essa versão vai aumentar tanto as vendas do console (como vem fazendo o Switch Lite por exemplo), inclusive acho que existe uma chance de ele vender menos em 2021 que em 2020, o que não seria nenhum demérito porque a performance do console no ano passado foi avassaladora.

Meu palpite é que ele vai custar $399, e envisionando que ele não se tornará o console base da linha, acredito que não vamos ter muitos ou quaisquer jogos que necessitem do Switch ‘’Pro’’ para rodar. Um dos maiores trunfos da linha Switch é a acessibilidade, e por mais que a Nintendo tenha feito movimentos que vão contra essa ideia em 2020, ainda acho que eles querem ter os grandes jogos da plataforma acessíveis para todos.

2021 tem tudo para ser um baita ano. PS5 e Xbox Series tendo um primeiro ano de potencial muito grande, batendo fácil o 2014 de PS4 e XB1 e a Nintendo tentando até replicar o seu emblemático ano de 2017.