Horizon: Forbidden West
Data de lançamento: 18 de Fevereiro de 2022
Desenvolvedora: Guerrilla Games
Publisher: PlayStation Studios
Plataformas: PS5, PS4
Preço: U$59,99 (PS4), U$69,99 (PS5)
(Esse review da leve spoilers sobre algumas das revelações de Horizon Zero Dawn, o primeiro jogo da franquia)
Já afirmei algumas vezes que considero Horizon uma das, se não a melhor nova IP a nascer na última geração. E eu disse isso não apenas com base na pura qualidade de Zero Dawn e sua expansão Frozen Wilds, mas também olhando para o futuro vendo como o jogo já havia construído uma identidade forte, por causa de seu mundo imaginativo e personagem principal carismática, e como isso estabeleceu seu caminho para se tornar uma franquia de sucesso. Até agora, esse futuro está provando ser verdade, o jogo original já vendeu mais de 20 milhões de cópias e agora vemos a SIE anunciando um spin-off de VR chamado ”Call of the Mountain”, e lançando a excelente sequência, Forbidden West, que é o tema deste texto.
Já joguei mais de 52 horas de Forbidden West, depois de completar a história principal e chegar aos créditos em 44 horas. Mesmo depois de terminar a quest principal, continuei jogando e descobrindo coisas novas porque o jogo é carregado de conteúdo. Quando terminei a campanha, o próprio rastreador de progresso do jogo indicou que eu estava com 40,25% de conclusão e, no momento, ainda estou com pouco mais de 50%.
Forbidden West se passa logo após os eventos finais de Zero Dawn. Aloy rapidamente deixa para trás os louros da vitória em Meridian, buscando o sinal remanescente da IA de Hades que foi um dos conflitos no primeiro jogo. Ela parte em direção ao ”Oeste Proibido”, um território que abrange regiões dos estados Americanos de Utah, Nevada e California.
O primeiro jogo já era um dos maiores showcases visuais da ultima geração, e mesmo sendo um jogo cross-gen, Forbidden West impressiona demais pela evolução visual, principalmente dos detalhes e animação facial de todos os personagens do jogo, não importanto se são um dos principais ou alguém que vai aparecer apenas uma vez em uma side-quest.
Vários personagens de suporte do jogo original retornam e são mostrados logo nas primeiras horas, pois eles estão procurando por Aloy desde que ela desapareceu silenciosamente sem contar a ninguém. Um tema narrativo importante neste jogo é sobre Aloy abraçando suas amizades e relutantemente entendendo que ela não precisa fazer tudo sozinha.
Achei as primeiras horas do jogo meio lentas, parecido com o que acontece com Zero Dawn, demora um pouco até que eles te deixem totalmente solto no mundo aberto, mas mesmo nesses primeiros momentos, vemos muitas das melhorias que a Guerrilla fez para o jogo. Rapidamente obtemos o Lança-Gancho, uma ferramenta que ajuda você a alcançar áreas mais altas que podem ser usadas em travessias e situações de combate. É uma das adições, junto com um planador, que torna o ato de se movimentar ao redor do mundo mais dinâmico e variado do que no primeiro, embora se mover em ruínas e escalar estruturas e montanhas ainda seja desajeitado como em Zero Dawn, assim como usar algumas das montarias, então a travessia foi melhorada, mas ainda não é ideal. Esta área também abriga a primeira pequena cidade que vemos no jogo, e lá temos a opção de fazer vários tipo de atividades secundárias antes de seguir para o Oeste Proibido.
Bem ali, o jogo mostra o quão mais significativas são as atividades paralelas neste jogo. Por exemplo, você pode completar uma série de missões secundárias que envolvem uma operação de mineração acontecendo na área, onde os trabalhadores tiveram que parar de trabalhar por causa de um acidente nas minas. Depois de resolver seus problemas, eles não apenas voltam a trabalhar lá, como a cidade ganha um novo líder e as atividades do NPC mudam naquela comunidade.
Muito mais do que no primeiro jogo, você pode perceber as mudanças que Aloy está fazendo nas pessoas e no mundo com suas ações, pois as pessoas podem se deslocar para outras regiões após certas missões e interagir com outros NPCs. Esse tipo de coisa faz com que este mundo pareça mais vivo e crível.
E as missões em si são muito mais agradáveis de participar, pois geram sequências recompensadoras, seja em momentos de jogabilidade ou de história. Eles têm cenários mais únicos e histórias envolventes com personagens encantadores.
Há um monte de atividades diferentes no mundo aberto. Além de alguns que retornam como os campos de caça e os Pescoções (que desta vez têm missões muito mais elaboradas em torno deles), meu favorito é explorar as antigas Ruínas, onde temos que resolver uma série de quebra-cabeças para obter uma ”relíquia” do passado. A exploração é muito mais divertida por causa do melhor design dos puzzles. Você interage com mais objetos e usa uma variedade maior de habilidades e ferramentas para resolvê-los. Há também um pouco de um sistema de física envolvido desta vez.
Um que muitos vão passar horas se envolvendo é o Ataque Das Máquinas, um jogo de tabuleiro que lembra a mecânica de um jogo de tática, que coloca suas peças de máquina contra seus oponentes. É um jogo surpreendentemente profundo em termos de mecânica e variações e com vários adversários diferentes espalhados pelo mundo.
O design de mundo aberto em si é bem superior à maioria dos jogos desse tipo. Sempre há uma máquina curiosa para lutar, ou uma estrutura intrigante para explorar, e há muitas e muitas cidades e assentamentos, de vários tamanhos, cheios de pessoas. Muitos eu só descobri depois de terminar a quest principal após 40 horas de jogo e eu continuo explorando esse mundo por conta da combinção triunfal do gameplay aliado a essas qualidades.
E eu recomendaria honestamente jogar as missões da história com o nível indicado e não fazer todas as coisas secundárias antes de terminar a missão principal, porque você obtém algumas ferramentas e habilidades durante missões principais, e elas tornarão a experiência do mundo aberto ainda melhor. Acredito que misturar um pouco de conteúdo paralelo (especialmente alguns que possibilitam melhorar seus equipamentos) e a história é um bom ritmo para acompanhar a experiência.
O combate também recebeu algumas melhorias, principalmente ao enfrentar inimigos humanos. Agora com sua lança, Aloy pode encadear combos mais variados que acionam movimentos especiais e que tornam essas batalhas mais envolventes e dinâmicas. Lutar contra humanos é mais divertido agora, mas devo dizer que lidar com um grande grupo deles, como em uma invasão a um acampamento inimigo, ainda é a parte mais irritante do jogo. É melhor, mas ainda fica muito atrás do combate à distância contra as máquinas.
Esse aspecto do combate ainda é um dos loops de jogabilidade mais agradáveis que já encontrei em um jogo de ação de mundo aberto. Desmontar as máquinas com as armas de longo alcance, incluindo algumas novas adições, como os dardos explosivos, ainda é imbativel. A emoção de tentar mirar naquele ponto fraco específico enquanto um monstro robótico está atacando você é incomparável. E desta vez, ao atualizar suas armas ou trajes, há um foco ainda maior em obter partes específicas de uma máquina, então atirar nos espaços designados é ainda mais importante. Além disso, devo elogiar a Guerilla por sua lista de máquinas inimigas. Existem 42 máquinas diferentes para lutar neste jogo, sem incluir suas variações elementares. Uma quantidade tão ampla e variada de inimigos onde todos têm suas particularidades e formas de lutar.
Eles também mudaram a forma como a árvore de habilidades funciona desta vez, mas devo dizer que não acredito que seja uma atualização exatamente bem sucedida. Alguns adições são boas, como habilidades especiais de armas e também o que eles chamam de “bravura”, que são diferentes buffs que concederão a Aloy melhores habilidades por um tempo, mas muitas das skills são melhorias passivas que são difíceis de perceber qualquer valor nelas. A árvore de habilidades é nova e diferente, mas não necessariamente melhor.
Uma área onde eu estava preocupado se eles conseguiriam manter o nível do primeiro jogo era a narrativa. Zero Dawn tem um teor de mistério em sua história e eles conseguiram entregar soluções excelentes para todos estes mistérios. Então fiquei surpreso que eles mais uma vez conseguiram se apoiar em situações misteriosas aqui, escolhendo uma direção que eu nunca pensei que eles fariam.
No primeiro jogo, estamos tentando descobrir ao mesmo tempo a origem de Aloy e como o mundo em que jogamos surgiu, pois percebemos que eles estão conectados. Às vezes, o grande conflito que acontece ao redor do mundo fica em segundo plano perto destas outras histórias. Em Forbidden West, Aloy está desesperada para salvar o mundo mais uma vez, mas lutando para aceitar que não pode fazer tudo sozinha e, à medida que avançamos, ela está aprendendo a aceitar mais pessoas em sua vida, depois de viver no exílio por tanto tempo, e acho que o jogo faz isso de forma extremamante efetiva ao criar cenários e diálogos que refletem isso. Não apenas a história principal, mas muitas das missões secundárias são sobre ela fazer amizades e aceitar ajuda, enquanto ela mesma ainda ajuda todos os necessitados no Oeste Proibido.
O elenco de apoio é muito melhor explorado desta vez e eu passei a apreciá-los o mesmo tanto quanto eu gosto de Aloy. Eles têm seus próprios interesses, lutas e relacionamentos, e as quests que fazemos ao lado deles resultam em muitas linhas de diálogos e discussões envolventes.
O conflito principal entra em território ficção científica que me surpreendeu várias vezes duranteo jogo. Aquela admiração e antecipação presente no primeiro jogo toda vez que você entra em instalações antigas e descobre mais detalhes sobre o que aconteceu com a terra é preservada, e adicionam os conflitos do mistério atual a isso. Alguns momentos da história e cenários nessas missões principais são ainda mais memoráveis que no primeiro jogo por serem melhor desenvolvidos e distintos do que antes.
Eu acho que o impacto da história no primeiro jogo é maior, e que também conseguiram fazer uma história que tem um fechamento melhor, enquanto Forbidden West faz muito trabalho para expandir o universo de Horizon para muito além do mundinho da Aloy, além de lançar muitas reviravoltas de ficção científica alucinantes. No final entregam uma conclusão que praticamente já coloca uma história de um próximo jogo em movimento, deixando poucas dúvidas sobre o que acontece a seguir neste mundo.
E o que vem a seguir para a própria franquia agora? Bem, como eu disse, eles já anunciaram um jogo de VR, e está claro que um terceiro jogo tradicional está chegando, mas esse provavelmente não será lançado por pelo menos uns bons 4 anos. O que eu adoraria ver para preencher essa lacuna é um jogo multiplayer, praticamente um Monster Hunter neste mundo, onde podemos criar um personagem próprio e caçar máquinas ainda maiores e mais mortais do que as presentes no Oeste Proibido. Sinceramente, imagino que isso acontecerá antes de um terceiro jogo, já que a Guerrilla contratou vários funcionários relacionados à multiplayer nos últimos anos.
VEREDITO
Os maiores triunfos de Forbidden West são construir um mundo aberto que é muito mais divertido de se explorar e que ofereçe muitas atividades interessantes e todo tipo de histórias, além de manter ou melhorar ligeiramente a qualidade das coisas que o original já conseguiu entregar muito bem, como o combate e narrativa envolvente. Ainda há lugares onde a Guerrilla pode melhorar para construir sua obra-prima de mundo aberto, e espero que eles continuem melhorando. Até lá, estou voltando para jogar mais Forbidden West.