OlliOlli World
Data de lançamento: 8 de Fevereiro de 2022
Desenvolvedora: Roll7
Publisher: Private Division
Plataformas: PC, PS5, PS4, XB1, Xbox Series, Nintendo Switch
Preço: U$29,99
Quem me acompanha aqui no Reloading ou no 99 provavelmente já sabe que eu tenho um apreço especial pela cultura do Skate. Quando criança eu andei durante alguns anos (até quebrar meu pé numa primeira semana de férias e ficar três meses com a perna imobilizada) e que mesmo quando parei eu continuei acompanhando a cultura muito de perto.
Quem aproximou esse primeiro contato foram os jogos Tony Hawk lá ainda no PS1, e eu segui jogando todos até o American Wasteland em 2005 no PlayStation 2. Estes jogos da Activision eram um retrato do lado mais excêntrico do Skate, indo além na representação cartunesca da cultura, algo que combinava com seu gameplay mais arcade.
Mas foi com a franquia SKATE da EA, que eu vi a melhor representação do skate de rua nos videogames, e ela veio basicamente um ano depois de eu ter parado de andar, o que me ajudou a manter o espirito e a conexão com o esporte ainda em alta. Principalmente no jogo original lançado em 2007, o loop do gameplay é bem parecido com a experiência de muitos skatistas de verdade: sair para andar de skate na rua com os amigos, descobrindo lugares ideiais para andar, improvisando linhas em lugares não convencionais, e gravando tudo, produzindo as famosas video parts.
OlliOlli veio numa terceira vertente. Com progressão em 2D, os dois jogos originais tem um visual minimalista e no gameplay uma pegada ainda mais arcade e exagerado como Tony Hawk, mas com uma mecânica que lembra quase um jogo de plataforma no estilo de Super Meat Boy ou Celeste, onde o ritmo é acelerado e demanda bastante reflexo. O desafio inicial é simplesmente chegar ao fim das fases lineares, usando as manobras e movimentos necessários para cada obstáculo, e como um desafio mais profundo, cumprir objetivos secundários nas fases encaixando combos mais difíceis entre cada segmento.
OlliOlli World é mais ambicioso (por isso também custa mais caro). Saem os designs minimalistas para uma gráfico em 3D construído no estilo low-poly super bonito. O jogo tem uma apresentação muito estilosa, isso inclui design das fases e principalmente dos personagens. Eu diria que é uma apresentação perfeita pro estilo de jogo que ele é, e muito superior aos jogos originais.
Nesse jogo o universo por trás das fases se chama ”Radland” uma terra onde basicamente todo mundo anda de Skate, e que os deuses desse mundo são entidades mitológicas que dominam as diferentes habilidades do skateboarding. A cada geração, o skatista mais talentoso desta terra se torna o Skate Guru, basicamente um guia espiritual que serve de conexão entre o povo de Radland e os deuses. Parece uma história super séria, e ela é até introduzida assim, mas logo fica claro que é tudo pela diversão e também pelo nível de absurdo que isso tudo envolve.
São cinco biomas diferentes, que introduzem diferentes fundamentos do skate como grinds, manuais, grabs e coisa do tipo, e junto com eles, obstáculos diferentes e referentes aos fundamentos também vão sendo introduzidos. Quanto mais movimentos vão sendo apresentados, mais complexas as fases vão ficando. Mas isso não quer dizer que a dificuldade vai subindo a um ponto onde só jogadores com muita destreza conseguiram terminar o jogo.
A Roll7 dessa vez construiu fases com múltiplas rotas, missões secundárias e desafios opcionais mais difíceis. Então por mais que as fases vão sim aumentando a dificuldade de forma gradual, os desafios mais espinhosos estão nestes conteúdos opcionais. Foi uma ótima maneira de manter o jogo acessível, mas também dar razão para os jogadores mais entusiastas a rejogar todas as fases tentando completar os desafios mais difíceis.
E nesses momentos onde tentamos completar os desafios mais difíceis e complicados é que ele lembra o ciclo que skatistas passam de verdade. Você tenta dezenas, as vezes centenas de vezes completar uma sequência especifica de manobras em um lugar especifico, tentando alcançar o seu objetivo. Isso acontece na rua o tempo todo, e no jogo também.
E se completar todos estes desafios não for o suficiente para você, existem ainda no jogo conteúdos extras como desafios online, onde eles estão adotando o formato de temporadas que tem feito sucesso em outros jogos, e um gerador de fases procedurais também.
Acho que uma das partes que eles mais acertaram também foi em transmitir alguns fundamentos culturais do skate para dentro da apresentação do jogo. Seus visuais, a trilha sonora, uma seleção de batidas com influência de hip-hop e vaporwave, os diálogos divertidos e característicos, e principalmente a parte de customização de personagem. Tem uma gama de opções para escolher não só a aparência física de seu personagem (e podemos muda-la a qualquer momento) mas também as roupas, representando todos os estilo majoritariamente presentes na cultura. Quem anda sabe quão importante é se expressar pelo jeito que você se apresenta, e a Roll7 claramente entende muito bem esse aspecto da cultura.
VEREDITO
Num momento onde estamos tendo uma ressurgência de novos jogos de Skate com times independentes fazendo jogos como Session e Skater XL, Tony Hawk recebendo remakes e a EA montando um estúdio para um novo jogo SKATE no futuro, fico feliz que OlliOlli continue se mostrando relevante e único neste espaço, principalmente porque é um dos jogos que melhor entende alguns aspectos culturais que adornam o entorno do andar de skate. OlliOlli World é um jogo inclusivo, divertido e estiloso, assim como é o próprio skateboarding.
NOTA: 8.5/10
O review foi baseado em uma cópia de PlayStation 5 oferecida pela publisher do jogo