0

REVIEW: Journey to the Savage Planet

Data de lançamento: 28 de Janeiro de 2020
Desenvolvedora: Typhoon Studios
Publisher: 505 Games
Plataformas: PC (Epic Games Store), PS4, XB1
Preço: U$29,99



Journey to the Savage Planet não se leva muito a sério e, embora isso seja bom em certos aspectos, eu gostaria que eles se comprometessem mais com algumas de suas mecânicas.

O jogo é uma aventura de ação em mundo aberto que apresenta o ponto de vista em primeira pessoa. Eu não classificaria como um jogo de tiro em primeira pessoa, mesmo que seu meio de combate seja atirar nos inimigos em primeira pessoa, porque o principal aspecto do jogo não é o combate, mas a exploração.

O proposta inicial da aventura é que você está em um futuro distópico, onde a humanidade faz exploração espacial há algum tempo, e você é um funcionário da Kindred Aerospace, a quarta melhor empresa de exploração interestelar do mundo, e sua tarefa é ser uma dos primeiros aventureiros em sua divisão de colonização espacial, viajando para um planeta desconhecido chamado AR-Y26, para que você possa explorar, estudar, traçar um mapa e categorizar o planeta para julgar se é um local adequado para a humanidade viver.

Toda a apresentação e o tom do jogo são sarcásticos. Se a Kindred se autoproclamar a quarta melhor empresa interestelar não for indicação o suficiente, a sensação é de uma empresa cheia de problemas e práticas predatórias para funcionários e clientes. A Typhoon Studios usa live action em forma de FMV como uma ferramenta narrativa, onde mostram o CEO da Kindred, Martin Tweed, como a figura que nos da o contexto e as responsabilidades do nosso trabalho. Tweed comenta sobre coisas ” pequenas ” como você não tem em sua nave, a Javelin, combustível suficiente para voltar e vai ter que encontrar no planeta a ser explorado uma forma de abastecer sua nave, e o vídeo termina com aquele disclaimer acelerado de efeitos colaterais e riscos de ser um participante do programa de exploração espacial, e esse é um display do humor presente no jogo. Esses vídeos em FMV também são usados como propagandas de items no jogo, como o GROB, a opção de comida presente que nada mais é do que uma gosma nojenta, e também de outros produtos fictícios desse universo.

Eu gostei muito do humor do jogo, que vem principalmente destes vídeos e também de emails enviados pela Kindred e pelas interações com EKO, a inteligência artificial que te acompanha e com quem temos o maior nível de contato. O roteiro é cheio de sarcasmo e trocadilhos bem bolados, e me lembra o tom de humor sobre corporações usado em The Outer Worlds. Esses jogos compartilham o mérito de ter um texto genuinamente engraçado sem apelar para gatilhos bobos para conseguirem risadas. É obviamente uma sátira, e uma muito bem escrita.

Ajuda também que toda a atmosfera do planeta é algo pra cima. Um mundo colorido com design de criaturas e ambientes cartunescos, com uma trilha sonora divertidíssima. 

Há um mistério relacionado a quem habitou este mundo há muitas eras atrás e o que aconteceu com eles, mas eu não senti que a história foi interessante o suficiente para eu ser compelido a me sentir imerso nesse mistério, então acho que o humor é o que o jogo tem de melhor quando se trata de narrativa.

Após desembarcarmos em AR-Y26, existe um rápido tutorial de mecânicas básicas e somos direcionados para um objetivo, mas a natureza aberta do jogo permite que você explore à vontade. Usamos um scanner para identificar e estudar a flora e fauna locais, que é um dos principais objetivos do jogo. A progressão é limitada a partir de diferentes ferramentas e itens que você recebe, e para conseguir os mesmos devemos explorar, obter materiais, combater criaturas alienígenas e resolver quebra-cabeças. As atualizações incluem um gancho que te possibilita atingir pontos mais altos e propulsores em sua mochila que oferecem a possibilidade de executar uma esquiva e salto duplo (e até um salto quádruplo mais tarde no jogo), enquanto os itens são recursos do planeta que você pode usar após a quest envolvendo o estudo desse item.

O famoso ”Traversal” é um dos meus aspectos favoritos dos jogos, e à medida que você recebe mais e mais atualizações, começa a encontrar novas áreas e criar seus próprios atalhos por todo o mapa, porque agora você pode ir mais alto e mais longe com seus saltos. É tudo muito divertido de controlar.

Os itens são coisas como bombas para quebrar paredes ou armaduras protetoras dos inimigos, uma semente que cria um novo ponto de conexão com o gancho e outra que gera um trampolim onde quer que seja jogado. Isso o ajudará a resolver quebra-cabeças e a atravessar o mundo, e os achei um conjunto muito bom de mecânicas.

Algumas delas deixam o jogador livre para explorar com a física do jogo à vontade, e eu achei especialmente divertido quando o jogo pede que você as combine para resolver um quebra-cabeça. Outros são mais diretos e usamos esses itens em locais específicos e, embora não sejam tão divertidos de se envolver, eles são bons o bastante como a mecânica de progressão. Um uso ainda mais livre das mecânica no mundo em geral, curvando-se ainda mais para o genêro do immersive sim, teria sido muito bem-vindo.

É um jogo de mundo aberto, mas não é maciço, por isso me lembra um Zelda 2D como Link to The Past ou Link’s Awakening, onde você tem um mundo de tamanho decente, cheio de belos ambientes e segredos, mas apenas grande o suficiente onde você pode se lembrar da maior parte desse mundo. Portanto, sempre que recebemos uma nova ferramenta, nos lembramos de todos os pontos que agora podemos explorar devido a essa ferramenta. Existe um tipo de colecionável que aumenta seus medidores de saúde e resistência, e se você é um desses jogadores como eu que adora descobrir segredos no cenário, você também vai gostar muito desse ciclo de jogo, buscando encontrar e resolver todos os colecionáveis que puder.

Mas mesmo que os diferentes biomas sejam distintos e notáveis, está estranhamente faltando um mapa que tornaria a navegação ainda mais fácil. Entendo que este é um planeta desconhecido, mas você tem pequenos robôs chamados “cartógrafos” que estão mapeando o planeta, então eu esperava que eles eventualmente me dessem um mapa do lugar. Talvez seja uma recompensa para algumas das missões secundárias, mas joguei mais de vinte horas, alcançando os créditos e terminando a missão final opcional também, e ainda não consegui um.

Porém a maior fraqueza do jogo está no combate. Para ser justo, como eu disse no começo, não é um jogo onde esse é o foco primário e há encontros de combate na medida certa onde isso não o incomoda muito durante o jogo, mas é preciso salientar o quão básico é o sistema de combate comparado a exploração e navegação. Você tem apenas uma pistola básica que possui munição infinita, mas um cooldown para recarregá-la. Você pode melhorar a arma para ter mais munição, menos tempo de recarga e mais dano, entre outras coisas. Também é útil usar os itens contra os inimigos para explodi-los ou paralisá-los para ter uma chance melhor de atingi-los, pois a mira e o tiro não são tão responsivos quanto eu gostaria. Usar os itens e fazer saltos duplos e evasões, evitando ataques inimigos, são boas idéias para o combate, mas a sensação de usar estas mecânicas nas lutas nunca é tão boa quanto na solução de quebra-cabeças e movimentação. Eu só queria que eles tivessem criado encontros de combate que fossem tão bons quanto as outras atividades do jogo.

É possível experienciar isso tudo com outra pessoa também, já que o jogo suporta co-op para dois jogadores, porém minha experiência durante esse período de análise foi jogando sozinho.

VEREDITO

Journey to the Savage Planet é um bom começo para 2020, uma aventura divertida que encontrou o balanço certo no tamanho do mapa e incentivo à exploração. Os traços principais da história são desinteressantes, mas todo o roteiro engraçado que eles escreveram ao redor do belo mundo construído é um deleite. O combate sem muito brilho também tira um pouco, mas explorar e experimentar com as mecânicas do jogo para resolver quebra-cabeças e atravessar o cenário foi bastante divertido.

NOTA: 7.75/10


Essa analise foi baseada em uma cópia de PlayStation 4 fornecida pela 505 Games