Por muitas vezes me peguei pensando se eu não era mais o mesmo gamer de antigamente por jogar muitas vezes os mesmos jogos.
Antigamente, terminava de tudo o que caía na minha mão. Hoje em dia, compro mais e jogo por poucas horas, acabando sempre voltando para os mesmos jogos de sempre. Muitas vezes termino um jogo e nunca mais toco nele. Tem sete meses que não jogo Dota 2, tem mais alguns que não jogo CS e atualmente meu jogo de estimação voltou a ser World of Warcraft. Entre uma raid e outra, ando jogando Hades, Mafia Remake e Psychonauts 2. Não sei se vou terminá-los, mas vou curtindo do meu jeito. No meu tempo.
Acho que é a idade e, para ser sincero, isso deixou de me incomodar já tem um tempo. Não tenho mais a mesma disposição de antes, não tenho mais a vontade de desbravar o novo… E tô ok com isso. Dias cansativos, rotinas, obrigações da vida adulta. No final do dia, é mais fácil apenas relaxar e jogar algo que seu cérebro já está acostumado do que tentar algo novo, que exige mais atenção e uma curva de aprendizado.
Isso não me impede de continuar acompanhando a indústria. Gosto mais dos jogos artesanais, mais caprichados na arte, do que o grande público tem consumido. E tô ok com isso. Multiplayer tem sido muito mais aproveitado do que single player. Hoje há muita história. Ao mesmo tempo que isso trouxe um público novo gigantesco pros games, me afastou um pouco do que tem sido mainstream da indústria. Quando sento para jogar, quero gameplay puro. Se um tema me atrai, como Red Dead Redemption ou Ghost of Tsushima, consigo superar essa barreira e me divirto. Ou uma releitura, como God of War ou Resident Evil 2. Mas tem sido cada vez mais raro.
Parem pra pensar: você faz o mesmo? Quantos dos seus amigos estão voltando sempre para os mesmos jogos?
Acredito que o ser humano tem uma parcela limitada de entretenimento que a mente aceita consumir. Depois que ela enche, fica difícil trazer novas experiências, novas sensações. Parece que você já está satisfeito com o que viveu e fica tentando sempre reviver aquilo, voltando para o mesmo jogo. Que já viu de tudo, nada mais tem brilho. E hoje em dia tô ok com isso, vejam só. Se está me divertindo, é o que importa no final.
Ainda fico ansioso por um Zelda. Por um Final Fantasy. Se vejo um RPG bonito e com música inspirada, já me conquista. Aos poucos, vou jogar. Vou levar meses, mas acabo terminando. Se vejo algo de um jogo que me dá nostalgia, sorrio como criança.
O mundo de hoje é muito acelerado. Séries são maratonadas, filmes já estão sendo abertamente debatidos no dia seguinte da estreia, jogos são terminados no mesmo dia em que são lançados. Viver se tornou uma espécie de corrida contra o tempo e acho que não consigo me adaptar a isso. Quero curtir, saborear. Jogar aos poucos. No meu tempo. Como antigamente. E não me importo – e nem quero – consumir tudo o que tá disponível.
Talvez não seja eu que esteja diferente. Apenas não evoluí para esse novo ritmo e sou exatamente o mesmo Rodrigo de antes, com os mesmos gostos, a mesma satisfação. Só estou mais fechado a coisas novas. Talvez por me lembrar de coisas passadas, que não vão voltar. E isso serve não apenas para jogos, mas também para filmes, séries e tudo mais. Até passeios.
E tô ok com isso.
E vocês, o que andam jogando? Ainda abraçam o novo? Gostam de fazer sempre aquilo que te traz conforto? Alguém se identifica com isso ou é papo de maluco? Estão ok com isso também?