2022 começou com tudo na indústria dos games. Nós 20 primeiros dias do ano tivemos uma das maiores novidades dos últimos anos com o anuncio da intenção de compra da Activision Blizzard por parte da Microsoft, Sony divulgando vários detalhes do PSVR 2 e até a ESA, organizadora da E3, já confirmando que pelo terceiro ano seguido não teremos o tradicional evento de forma presencial em Junho.
Olhando para trás, 2021 foi um ano um pouco atípico, consoles de nova geração continuam escassos no mercado (e a moda vai continuar em 2022), e várias publishers adiaram seus maiores jogos para o próximo ano, então para muitos, foi um ano mais quieto nos lançamentos. No geral eu diria que não foi tão diferente do que esperava quando escrevi meu texto sobre 2021. PlayStation acabou adiando seus maiores jogos o que fez com que seu estoque first-party fosse todo usado na primeira metade do ano, dependendo de jogos third-party com acordos de exclusividade no segundo semestre, enquanto a Xbox investiu ainda mais pesado no Game Pass, principalmente para compensar a falta de software in-house em parte do ano, focando no lançamento de dois blockbusters gigantes nos últimos meses de 2021. Já a Nintendo voltou com suas Directs tradicionais, usando-as para não só revelar boa parte do seu variado lineup para 2021, liderado por surpresas como Metroid Dread e um novo Mario Golf, como também para preparar o terreno para o que promete ser um grande 2022.
Ano esse da Nintendo que já começa com um grande lançamento em Janeiro. Pokémon Legends Arceus, uma nova subsérie e estilo de jogo para a maior franquia do entretenimento. Já tendo jogado algumas horas do game, ele está me agradando muito com seu foco maior em exploração e melhores incentivos para colecionar os diferentes Pokémon’s, e imagino que ele fará bastante barulho. A Nintendo já tem anunciado para 2022 também, Kirby: The Forgotten Lands (que será lançado em Março), Splatoon 3, Bayonetta 3 e a sequência de Breath of the Wild, jogos que têm relevância diferente, e que eu diria que conseguem acertar demográficos distintos dentro do público da Nintendo, fazendo do lineup de 2022 um bastante completo com esses cinco jogos.
Mas sabemos que eles tem costume de popular seu ano com outros jogos menores, como spin-offs, relançamentos (como o já anunciado remake de Advance Wars) e jogos bem experimentais, então esperaria ainda um ou outro jogo de menor escala, mas nada grande como Metroid Prime 4. Até devemos finalmente ver algum trailer do jogo ou algo do tipo em alguma Direct, mas o lançamento me parece ainda um pouco mais distante. Novos anúncios para 2023 e além certamente virão, com um bom candidato sendo um novo jogo principal da franquia Mario, principalmente visto que 2022 é o ano do filme animado em colaboração com a Illumination e eles podem aproveitar esse momento. Pessoalmente, eu sou muito fã dos dois últimos projetos envolvendo Mario, Bowser’s Fury e Mario Odyssey, e adoraria ver um jogo que misturasse as sensibilidades de design de ambos.
A Nintendo parece ser a plataforma de consoles que tem um 2022 mais decidido, algo esperado quando se tem um console nesse ponto do seu ciclo de vida. Fora dos jogos, novidades devem vir de licenciamento, talvez novos filmes e coisas do tipo, e novas adições ao seu serviço online, provavelmente os jogos de Game Boy e Game Boy Advance que já foram ventilados no ano passado.
Publicamente a Nintendo ainda não compartilhou seus números, mas o Switch já bateu a marca de 100 milhões de unidades vendidas ainda em 2021, e ele continuará vendendo bem e liderando boa parte dos mercados do mundo, impulsionado por sua contínua popularidade, esse belo ano de software no console, e claro, disponibilidade de estoque. Mas acredito que será mais um ano de queda nas vendas quando comparado ao período fiscal corrente que se encerra em Março, algo completamente normal nesse ponto da vida do console.
A PlayStation também já tem o que acredito ser boa parte do seu line up first-party para o ano anunciado. Horizon: Forbidden West em 18 de Fevereiro, Gran Turismo 7 em 4 de Março e God of War: Ragnarok ainda sem data são os jogos da PlayStation Studios anunciados para 2022 até aqui. Ragnarok ainda não tem uma janela, e pode ser um jogo para o segundo semestre.
Imagino que com toda a antecipação de lançamento da série da HBO de The Last of Us, finalmente veremos o anúncio do spin-off multiplayer desenvolvido pela Naughty Dog, porém duvido que ele seja lançado ainda em 2022. Um jogo vindo da própria Naughty Dog, e que acredito que pode ser formalmente anunciado e lançado nos últimos meses do ano é o remake do The Last of Us original, um projeto também impulsionado pela produção da série. Fora essa possibilidade, não vejo mais nenhum lançamento first-party para 2022, fora algum ocasional relançamento no PS5 como fizeram com Ghost of Tsushima, Death Stranding e em breve com Uncharted.
Mais uma vez acordos third-party de exclusividade vão ajudar a popular o ano da PlayStation em software. Não só com indies como SIFU, Stray ou Little Devil Inside, mas com jogos como Forspoken em Maio, GhostWire Tokyo ainda no primeiro semestre e talvez até Final Fantasy XVI no fim do ano. Inclusive devemos ver mais acordos do tipo sendo feitos, principalmente entre Sony e Square por jogos de origem Japonesa. Uma outra publisher candidata é a Konami, que pode ter utilizado seu recente e latente desejo de voltar a publicar jogos de grande orçamento para fechar acordos similares.
Inclusive acredito que essa é uma parte da estratégia que a Sony deve seguir para ganhar seus momentos no holofote perante a bombástica aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft. Até podemos ver novas aquisições de estúdios, mas seriam movimentos feitos de qualquer forma pensando em aquisição de talento para produções internas, igual as cinco compras de 2021, e não algo feito como resposta ao movimento da Microsoft, visto que ela simplesmente não tem como concorrer com aquisições nesse calibre.
Pensando nisso, os já citados acordos com publishers por jogos relevantes com períodos de exclusividade são um artificio para manter olhares na sua plataforma.
Da mesma forma, os anúncios de novos jogos first-parties serão igualmente importantes para manter o público engajado no presente e futuro do PS5, e acredito que veremos mais novidades do que no ano passado. Em 2021, Spider-Man 2 e Marvel ‘s Wolverine foram os únicos anúncios totalmente novos, e só um deles no momento é um jogo prometido para 2023.
Além da dupla já citada da Naughty Dog, o jogo da colaboração com a Firewalk Studios é um bom candidato. Liderado por Ryan Ellis (que foi diretor criativo de Destiny durante alguns anos), o estúdio está trabalhando em um jogo com foco em multiplayer, campo onde a Sony tem sido um pouco mais omissa nos first-parties. Pensando no talento recrutado pelo estúdio, o jogo deve ser um FPS, outro gênero em falta no catálogo da PlayStation Studios.
Um jogo que eu adoraria ver é o novo da PixelOpus. O jogo está sendo desenvolvido em parceria com a Sony Pictures Animation, conhecida por seus estilos de animação inovadores usados em Into The Spiderverse e The Mitchell’s Vs The Macinhes. Não sei se seria baseado em uma IP da Sony Pictures Animation, ou se a parceria é apenas pensando nas técnicas de animação e renderização, mas imagino que será um jogo de visual único que pode chamar bastante atenção.
E isso vai ser vital para a PlayStation no ano, chamar bastante atenção durante suas transmissões com jogos que empolguem o público. Imagino que veremos uma estratégia parecida com o último ano, vários State of Play mostrando projetos menores e trailers de first-party mais perto do lançamento, e um showcase tradicional com as grandes novidades entre Junho e Setembro.
Igualmente vital vai ser o seu novo plano de assinatura. Ouvimos que a Sony planeja uma remodelagem da PS+ e PS Now, dropando o nome do Now e criando uma nova Plus com diferentes categorias incluindo jogos de PS1, PS2, PS3 e PSP no catálogo. Espero ouvir algo até no máximo o começo de Abril, logo após o fechamento do atual ano fiscal
Penso que a categoria mais básica manterá o preço atual da PS+, U$10 por mês, enquanto a do meio ficaria no antigo preço da PS Now, U$15, com a última um preço ainda maior e Premium, U$20, e talvez essa remodelagem pode matar os atuais planos anuais para a PS Plus também, já que a moda dos serviços é cobrar mensalmente os usuários. Não acredito que a Sony vá oferecer todos seus jogos first-party nem na última categoria, mas, não duvidaria ver um ou outro jogo de menor escopo sendo feitos já pensando no serviço, talvez alguns com elementos multiplayer já que estes tendem a se beneficiar de fazerem parte de serviços. Mas pode ser que até isso seja desejar demais, o mais provável é que busquem jogos de parceiros third-party para vir day-one no serviço, igual já fazem em alguns meses na Plus
Algo que eu não esperaria é eles acertarem esse serviço logo de cara, com certeza vão ter alguns fatores que vão desagradar o público geral, seja o formato de acessar alguns jogos, o preço ou catálogo limitado. De qualquer forma, vai ser um passo importante, e espero que o Brasil seja abrangido em todas as categorias.
Algumas novidades já compartilhadas da Sony vieram na CES, onde explanaram mais detalhes do seu próximo headset de VR. Já até tivemos um anúncio de novo jogo first-party, um jogo baseado em Horizon para PSVR2 desenvolvido em colaboração por Guerrilla e Firesprite.
O PSVR2 vai deve também um instrumento forte de marketing durante o ano, e pode até receber uma transmissão própria e exclusiva em algum momento. Com vários detalhes do headset já divulgados, faltam ‘’apenas’’ as informações de design, preço e data de lançamento, e podemos ouvir todas durante ainda em 2022.
Eu ainda ficaria com ressalva quanto ao lançamento, me parece, pela abertura em divulgar as especificidades do headset, que a Sony tem o desejo de lançá-lo em 2022, mas pensando que ela ainda tem e continuará tendo problemas em produzir demanda necessária do PS5, não consigo enxergar um cenário diferente de onde ela também tenha problemas para balancear a produção de dois produtos de hardware ao mesmo tempo. Acho que o PSVR2 ficará para 2023, mas devemos saber mais e ver mais jogos anunciados para ele durante o ano.
E falando em problemas com a cadeia de produção, a Sony definitivamente não conseguiu despachar um número satisfatório de PS5’s durante o período de final do ano, mas mesmo assim, acredito que o carregamento vai ter passado das 20M até o fim do corrente ano fiscal, e salvo problemas ainda maiores, os 35M até o final do próximo ano fiscal.
Fechando numa das áreas de recente atividade da divisão, a PlayStation continua sua expansão nos lançamentos de jogos first-party para o PC, com God of War e Uncharted sendo os próximos. Provavelmente vamos ver mais anúncios esse ano, e um que faz sentido pensando em 2023, e que também trará grandes retornos, é finalmente o lançamento de Spider-Man nesta plataforma.
Mais uma vez, o ano da Xbox será parcialmente marcado por dúvidas e especulações de mais uma massiva aquisição. Não sei se veremos muitas novidades vindo como fruto do acordo de intenção de venda da Activision Blizzard para a Microsoft, exatamente porque essa aquisição ainda precisa passar por trâmites legais para ser finalizada, algo que a esperado para acontecer entre Julho de 2022 e Junho de 2023. Mas mesmo assim, como um aquecimento do provável futuro, a Xbox pode fazer acordos e negócios com a Activision para incluir alguns jogos de seu catálogo no Game Pass. Imagino que veremos alguns durante o ano.
Assim como em 2021, a Xbox deve ter a maioria dos seus jogos first-party na segunda metade do ano. Por enquanto, Starfield está datado para 11 de Novembro, e acredito que conseguirão manter a data, e Redfall, jogo novo da Arkane Austin, está prometido para o período do verão Americano mas pode atrasar um pouco visto que ainda não mostraram nada do jogo. Outro jogo que teoricamente a Xbox planeja lançar no final desse ano, mesmo ela não tendo prometido nada publicamente ainda, é o próximo Forza Motorsport, então mais uma vez ela pode ter um último trimestre muito agitado.
Alguns candidatos para aparecerem em outros períodos do ano são a versão 1.0 de Grounded e possíveis jogos menores que a Xbox Games Publishing possa vir a anunciar no calibre de As Dusk Falls em colaboração com a Interior/Night. Pessoalmente não vejo nenhum dos outros sete jogos first-party já anunciados sendo lançados em 2022, nem Hellblade 2 que deu as caras no último Game Awards.
E claro, nos eventos esperamos também novos anúncios, e esse ano acredito que veremos novidades da Zenimax Online, que aparentemente está trabalhando em um novo MMO, dessa vez uma nova IP. Um jogo desse calibre com certeza se beneficiará demais de estar no Game Pass, então pode ser um anúncio que causará bastante barulho. Ainda do lado da Bethesda, a expectativa é ver o anúncio de um novo Wolfenstein, um que conclua a saga iniciada em 2014 pela Machine Games.
The Coalition pode nos mostrar a cara de Gears na nova geração com Gears 6, uma possível conclusão dessa nova etapa da franquia. Existem rumores também que eles estão trabalhando numa coletânea de Gears no estilo de Master Chief Collection para o Xbox Series, e esse pode ser mais um lançamento para 2022
Pessoalmente não espero mais nada internamente, mas com certeza veremos mais jogos first-party vindo da Xbox Games Publishing, já que está sendo reportado que eles tem feito diversos acordos por jogos de escopos variados para seu catálogo. Como um fã do trabalho da IO Interactive, estou curioso pra ver o jogo que supostamente estão fazendo com a Xbox, principalmente porque é seria um jogo de mundo aberto num universo de fantasia, algo bem diferente dos projetos feitos anteriormente pela equipe.
Para compensar uma possível falta dos first-party durante o primeiro semestre, podemos ver ainda mais acordos de Game Pass como o recém anunciado com a Ubisoft para Rainbow Six Extraction. No último ano vimos jogos de grandes publishers vindo para o serviço, e mesmo se não são os maiores jogos de tais publishers, geralmente são jogos que o público abraça quando chegam ao Game Pass, mesmo se antes eles pareciam com dificuldades em gerar algum hype. Foi assim com Outriders e Back 4 Blood no ano passado.
Quais jogos são candidatos a entrar no serviço então? Difícil saber, porque geralmente são acordos anunciados pouco tempo antes do lançamento de tais jogos, e que possivelmente são fechados num período curto também. Eu não ficaria surpreso se a Square fizesse algo do tipo com Strangers Paradise, um jogo que tem sido alvo de olhares tortos da internet.
Ainda sobre o Game Pass, recentemente ficamos sabendo de outro serviço de assinatura que chegará ao Xbox em breve, o Ubisoft+. Fãs do console da Microsoft ficaram se perguntando se o serviço entraria gratuitamente para assinantes do Game Pass Ultimate, algo já negado pela Ubisoft. Realmente é difícil enxergar este sendo o caso quando um mês de Ubisoft+ custa o mesmo tanto que um mês de Game Pass Ultimate, mas acredito que a Microsoft buscará pelo menos oferecer um plano conjunto com desconto.
Uma das maiores surpresas de 2021 foi ver quão bem o Xbox Cloud Gaming funciona, mesmo estando em beta. Em 2022 imagino que os planos são de expansão do serviço para além do Game Pass, botando a biblioteca da Xbox Store no serviço outros eletrônicos como smart tv’s e caixinhas como Roku ou Apple TV. Estar nestes espaços é chave para a Microsoft alcançar o plano de popularizar o serviço além do meio tradicional de jogos.
E no campo de hardware, vai ser interessante de ver se os carregamentos de Series S continuarão subindo como no ano passado, talvez virando o console de maior carregamento da Xbox muito antes do que eu esperava. Durante os primeiros meses de lançamento, o Series X era o console principalmente ofertado, mas parece que pela natureza de componentes do console, o Series S foi sendo produzido em maior escala durante esse período de escassez de condutores.
É isso, a Nintendo deve ter um ano onde o foco vai ser fazer suas campanhas de marketing para o catálogo de jogos, sem muitas atualizações no campo de hardware ou serviços, enquanto PlayStation e Xbox com certeza se movimentarão mais no quesito novidade para se fortalecerem na disputa por atenção do púlbico, enquanto ainda não conseguem ter uma disputa franca nas vendas devido a falta de estoque de ambos os consoles.